Pontuarei sequencialmente as três tematizando: Zeca Camargo; Somos todos Maju; Turma do PRONERA - UFPR e a abertura de vagas para assentados do MST e quilombolas. Pronto, quem não tiver interesse, já disse as temáticas e podem ir.
A ideia era fazer um único post, mas agora pesquisando pra fazer mudei de ideia e serão os três temas distintamente postados.
Inicio a série respondendo a pergunta que encheu o saco na semana passada no formato mais chato ainda #quemezecacamargo
Certamente as pessoas não querem saber... mas achei válido.
Quem é Zeca Camargo?
Os comentários que despertaram raiva em muita gente fez com que inclusive eu demorasse um pouco para encontrar resposta à pergunta, tendo em vista que tudo que aparecia no Google era referente ao que muita gente achou polêmico e que virou motivo de desrespeito ao cara. (Ok, se acham que ele desrespeitou Cristiano Araújo, foi também desrespeitado e muito com a enxurrada de ofensas a ele proferidas em nome de respeito a outro... fico por entender).
Respondendo a pergunta: José Carlos Brito de Ávila Camargo é um mineiro de Uberaba-MG, nascido em 08 de abril de 1963. Formou-se em Administração pela FGV e em Publicidade e Propaganda pela ESPM, trabalhou em galeria de Artes Plásticas e foi professor de dança, tendo alguns atores famosos como alunos. Começou no jornalismo em 1987 e depois trabalhou em editoriais em Nova York, onde consta ter feito sua primeira grande reportagem, tendo Cazuza como entrevistado . Segundo a biografia, Zeca foi o primeiro jornalista a quem Cazuza revelou estar com AIDS (um ano depois de Araújo nascer). Entrou na Globo em 1996 e fez inúmeras reportagens. Esteve frente a frente com Paul McCartney, Mick Jagger, Madonna, Lady Gaga...
Mais informações podem ser obtidas no link http://www.purepeople.com.br/famosos/zeca-camargo_p3086 não as trarei pelo fato de o que me interessa estar compilado por mim nestas informações.
Deixemos a raiva, o momento de angústia massificada pela morte de Cristiano Araújo e pensemos... Quem é Zeca Camargo. Cara, não é um zé ninguém. Não estou dizendo que o cantor o fosse tá?! Não me odeiem. O fato é que um cara que tem no currículo entrevistas com grandes (gigantes) ícones da música nacional e internacional tem todo direito de achar estranho um 'pouco conhecido' causar tanta comoção. E por acaso, isso não é de fato estranho?
Particularmente, acho bonito nos solidarizarmos com sentimentos das pessoas, sentirmos dor pela morte das pessoas. Sinto muito e fico grilada é que essa comoção coletiva se aplica apenas há algumas pessoas e, geralmente, ligadas à mídia. Anônimos muitas vezes são até execrados quando morrem em acidente causado por alta velocidade. Lamento todas as vezes. E outro detalhe, sabemos bem que é fato muita gente virar fã depois que alguém morre como meio de identificar-se a algum grupo.
Particularmente, EU NÃO SEI QUEM É CRISTIANO ARAÚJO. Digo, não sei. Pois saber de alguém pelo simples fato de que muita gente admira e gosta mas que não consigo identificar em meio a tantos outros, a meu ver é não saber. Sei de uma música que creio que era dele porque tinha o nome envolvido em meio ao refrão. De outras, pode ser que tenha ouvido, mas não sei dizer tampouco distinguir e isso não apaga a minha história de vida, ou pelo menos, não deveria. Numa conversa em casa, comentamos sobre e os cinco presentes não o conheciam... Então, a nós, ele é um desconhecido, no máximo alguém de quem já ouvimos falar. Foi inclusive lembrado por um dos presentes na conversa, que soube da existência de mais esse cantor do sertanejo quando o cara esteve envolvido com reclamações por som alto e perturbação da ordem no condomínio onde morava... Enfim, não conhecíamos Cristiano Araújo por sua música.
É disso que Zeca Camargo estava falando e representou em pontos pelo menos muita gente que não conhecia Cristiano Araújo.
Particularmente não ouço sertanejo por vontade própria. Tolero quando vou em locais que está tocando me esforço para ignorar o que meus ouvidos captam. Não gosto e não me agrada. E digo, me agradou muito a fala de Zeca Camargo quando disse algo parecido com as pessoas gostarem de cantores de uma música só... Ok! Crucifiquem-me. Mas pelo que compreendo, Zeca me contemplou neste ponto e fiquei surpresa de esta fala ter aparecido na mídia.
Afinal não é mesmo uma música só?? Analisem comigo: quais são as temáticas das músicas do sertanejo? Quais são os instrumentos usados? quais são os arranjos que aparecem? quais são as notas e acordes presentes?
Tá podem dizer que eu não escuto e não posso falar nada. Não escuto em casa, os locais onde frequento muitas vezes tocam... Mas pelo simples fato de não conseguir distinguir um cantor ou dupla destas quando ouço, me mostra que são similares, muito parecidas e quicá, iguais.
E aí, lembro-me de Theodor Adorno e do fenômeno que ele descreve como estandardização. Adorno ao discutir a o gosto musical analisa que este está intimamente ligado ao que é reconhecido pelo ouvinte. Aquilo que é reconhecido, aquilo que o ouvinte já conhece em outras músicas o faz identificar-se com o que já ouviu e curta a 'novidade' em outras músicas que na verdade pouco tem de novo.
Não seria essa uma das razões pelas quais se amanhã um amigo ou parente meu que use um jeans apertadinho, tenha o cabelo baixo com um topetinho, um gingadinho na cintura, peitorais e bíceps meio avantajados, toque um violão com sequência C G Dm F e cante uma música relatando uma aventura amorosa, uma paixão fulminante ou um abandono e afogamento das mágoas na margaça caia no gosto da galera que curte uma música só??
E sendo ainda mais polêmica, correndo o risco total de ser considerada elitista e tudo mais até mesmo uma "camarguete" concordo com o Zeca quando ele comenta, de modo não muito delicado, entendi isso, que estamos empobrecidos em nossa 'cultura'. Avalio que estamos sim, com a audição regredindo como constata Adorno. Estamos com a visão regredindo, com tudo regredindo... e os responsáveis por isso são os mesmos meios onde Zeca Camargo atua... os midiáticos. Estamos a cada dia aderindo a uma 'cultura massificada' a um gosto que produzem em qualquer linguagem artística para vender e vender. Nisso, não percebemos o quanto são iguais uns e outros tanto na música sertaneja quanto no rock, no pop ou na MPB... no funk, no blues ou no jazz e por aí vai. No cinema, na literatura e por aí vai...
Nenhum comentário:
Postar um comentário