segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sobre VER... Quando fui fazer ação assistencialista, contudo, com posterior solução em algumas raízes...

Durante as novenas de Natal realizadas pelo grupo Jovens a Caminho-PJMP, onde aproximadamente 30 jovens estão se preparando para receber o Sacramento do Crisma, pudemos refletir sobre algumas questões gritantes deste nosso mundo.
Em primeiro momento, pensamos no gesto concreto de sempre: cesta básica para uma família. Das conversas repetidas sobre o assunto, levamos a reflexão dos motivos pelos quais tantas famílias necessitam da assistência dos noveneiros... E rumando para as raízes das coisas, muitos dos jovens deste grupo observaram que as famílias que necessitam de alimentos não necessitam deles apenas em dezembro e que não podem ficar a mercê da bioa vontade dos outros para se alimentarem. É preciso também, garantir a estas famílias condições para que elas próprias consigam prover seus alimentos. E para tanto, pensamos concretamente, em cadastrar as famílias em um banco de dados empregatícios...

Posto aqui pelo fato de que podemos extender esta idéia para demais grupos de jovens de nossa Forania Santa Maria, o Banco consiste em cadastrar desempregados, suas habilidades profissionais, contatos pessoais entre outros e expor em nossas comunidades, escolas e supermercados. Os cadastros, em locais de grande circulação de pessoas são bons elementos para darmos oportunidades de trabalho a quem necessita.

Outro ponto que venho partilhar, é o momento da própria ação assistencialista, que não resolve o problema pelas raízes, apresenta-se como medida paleativa (e por isso mesmo os governos não resolvem os problemas, pois necessitam das pessoas dependentes deles) e ainda, momento que surpreendeu-me bastante. Ao sairmos para entregar as três cestas que montamos, aprendemos muito e ainda, aprendi a nunca subestimar a visão das pessoas simples, sem estudo.

Na primeira casa, o esposo da senhora que havia feito o pedido da cesta básica, deu-nos lições de vida, de perseverança e de crença no projeto de Jesus Cristo, mesmo que não tenha mencionado nada disso... 64 anos, ainda não conseguiu aposentar-se, sofreu na tentativa tendo encontrado um problema com picaretas da empresa em que trabalhava, e que, enfim, atrasaram seu processo, faz bicos e mais bicos, vende sucata, garrafas pet, que enfatizou o kg valer hoje 20 centavos, e para complementar a renda, tira linha de roupas junto aos acabamentos de facções tão presentes no nosso Bairro Goiá. O senhor espera que ano que vem, quando completa 65 anos, aposente-se. E disse, 'se dessa vez eu não conseguir, aí não dá mais, porque já é direito mesmo, e não vou mais esperar, vou atras disso, não somos cachorros'... Logo seguindo a conversa, contou-nos da dificuldade de no fim do ano fazer orçamentos das contas, pois 'no dezembro, esse povo pra lá enfeita a cidade, enche ela de luzes e a conta de luz daqui fica muito mais cara'. Seguindo ainda, num ponto mais adiante da conversa, disse que quer vender sei lote, e aguardará um pouco mais a valorização do terreno, pois a Av. Leste Oeste que está sendo construída valorizará o local, disse que sonha em comprar um pedacinho de terra, pois nela 'com um quiabo e suas sementes poderá colher uns 100 e ajudar aqueles que precisam'...

Daí, ao sair dali, fiquei pensativa... enquanto existem milhões de hectares de terras paradas em nosso país, ou daquelas que se plantam cana-de-açúcar ou soja, para alimentar automóveis ou gado na Europa, um Nobre Senhor, a eterna espera pela aposentadoria, ao 65 anos sonha em ter um pedacinho de terra para plantar e PARTILHAR o que plantou com aqueles que necessitam.

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