segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tirando-lhe a CARTOLA


Hoje, adianto para uma data de amanhã... Em 30 de novembro de 1980, o Brasil perdia um dos grandes compositores da história (e digo por minha conta e de milhares de outros)... Aos 72 anos, acometido por câncer, deixava uma grande contribuição, Agenor de Oliveira, Cartola!

De repente, temos em comum algumas coisas... A paixão por um bom samba, e, se eu disser que uma paixão pelo Fluminense, não estaria sendo tão honesta... ao Fluminense, uma grande simpatia!

Cartola, apelidado assim desde cedo, quando trabalhava na construção civil com chapéu para proteger a cabeça de cimento, teve uma infância nômade, perdeu a mãe ainda no início da adolescência. Compôs sambas enredo, sambas canções, partido alto... Com pouco estudo e grande percepção do mundo e sensibilidade, falava de alegrias, tristezas, cotidiano, amor! E quão bem cantava o amor, os sentimentos! Belas frases, composições, metáforas, comparações.

Contribuiu muito para a música brasileira, e só gravou seu primeiro álbum aos 66 anos. E fez história, faz até hoje. E num tempo em que de fato, era preciso arte para brilhar! E aos 66, Cartola brilhou, nas noites de boemia, nos palcos, festivais, programas... e brilhou com qualidade! Não foi produzido, gestou-se! Nasceu da realidade brasileira e encantou e me encanta.

Em seu Samba do Operário http://letras.terra.com.br/cartola/1102471/ . Na simplicidade exibe a verdade do modo de produção capitalista e chamava o povo a reflexão...
E em demais composições, exibia ainda, vocabulário rico, poemas magníficos...


Em seu sepultamento, ao som de bumbo e entoado "queixo-me as rosas, mas que bobagem, as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam, o perfume que roubam de ti" Cartola não mais comporia... Apenas poderiamos apreciar sua bela contribuição.

E em dúvida do que postar das maestrosas poesias, eis que Cordas de Aço, podem legitimar o que digo:

"Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria
E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando..."

E a Ele, não tiro chapéu, tiro a Cartola!


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