terça-feira, 6 de abril de 2010

Chove CHUVA! CONCRETAMENTE, CHOVA!

Nem sempre escrevo coisas no calor dos fatos, mas se for esperar parar de chover para postar, ihhhhhhhh...

Durante esses dias temos acompanhado nos noticiários inúmeras reportagens acerca dos estragos causados pelas chuvas nas cidades. O que vem me doendo na cabeça é exatamente a culpa que as águas de março que fecham o verão e vem chegando com tudo no abril acabam levando nessa história toda.

Anteontem vi de perto a enchente de um córrego que deságua no córrego Macambira, que na madrugada invadira casas e desesperava moradores da região pela segunda vez em menos de uma semana. Diriam uns, ahhh sabe acho é pouco tem gente que não presta atenção onde tá fazendo casa. E aí, mais uma vez vem me doendo na cabeça é a culpa que levam as pessoas por tentarem enfim, terem um lugar para morar.

Não é nenhuma novidade que depois de fortes e/ou intermitentes chuvas, moradias em morros desabam, barrancos próximos a rios e córregos deslizam e consequentemente levam moradias ou deixam-nas sob iminente risco de desabamento, umas e outras (quiça todas) partes da cidade se alagam. E o que ouvimos na boca do povo é mais uma vez a culpabilização da chuva... "tem chovido demais nesses dias, por isso"!
É aí que gosto de dizer (em outros também) que a voz do Povo nunca foi e nem sei se será a voz de Deus - infelizmente o povo é egoísta e individualista demais pra isso - . A culpa recai sobre uma das bençãos de Deus... Diria minha irmã, 'gente, é abençoado demais, cai água do céu'... simplificando a magnificência dos ciclo das águas e etc, defendo com unhas e dentes, admiração aos relampagos e trovões, com guarda-chuva funcionando ou sendo virado pelo vento, a chuva!

E defendo também aqueles que capengam mas conseguem construir suas moradias às margens de rios e córregos que provavelmente vão transbordar, ou aqueles que sobre morros sonham com o sagrado direito de ter um teto.

O que busco refletirmos aqui é que geralmente culpabilizamos as vitmas ou os fenônemos... Atentemo-nos agora não para o fato, mas para os motivos pelos quais acontecem.

Em certos perídos devemos considerar o ciclo das águas das regiões, a quantidade de chuva que é 'produzida' em cada local devido a N fatores que estudiosos específicos sabem dizer e que eu não vou ficar me arriscando, enfim, as variáveis NATURAIS as quais estamos submetidos. MAS, considerado isso, vejamos a forma como nossas cidades (as pessoas que nelas vivem, que a elas governam e reticências) tem sido contempladas pelo projeto de MODERNIDADE... É progresso e moderno concreto! É primitivo terra, quintal, estrada de chão... (tá vai, estrada de chão é um saco e não contempla qualidade de vida!) Daí, em nome de um projeto de modernidade, concretamos tudo... ruas, calçadas, quintais... e ensinamos que isso é o que deve ser feito... Inclusive nos morros... digo isso exemplificando o Morro do Mendanha, que vejo ao Norte de onde escrevo agora desde que entendo-me por gente - sempre quis dizer isso rs - bem visto na região Oeste de Goiânia que vem sendo a cada ano modificado pela ação humana... à noite o vemos completamente iluminado, e durante o dia, o cinza brilhante do asfalto em meio à ainda poucas casas penduradas... Hora dessa posto uma foto. Voltemos... Progresso, moderno, o concreto!
A mistura PROGRESSO, MODERNO, CONCRETO não é novidade que gera falta de absorção e penetração de água no solo e ALAGAMENTOS...

Aliás, o Bairro Goiá é meio assim, todo moderninho, asfaltado, cheio de concreto nos passeios e quintais - nossa e eu ainda chamo aqui de periferia?! Como assim? rs - ironias à parte, o bairro com mais de dez minutos de chuva forte, é quase intransitável, com uns vinte então, espere mais uns trinta para sair de casa e evite o Jardim Mirabel. ahhh, exatamente onde vi o córrego cheio, fora de leito, alagando casas... Mas também, quem mandou constuírem lá?? Mais uma vez o povo diz assim... Se fosse Deus, mais precisamento Jesus Cristo, assassinado por denunciar os desmandes de uma sociedade estando a defender o povo, contaria a esse povo uma parábola que os faria entender quem eram os verdadeiros culpados... E teriam líderes comunitários, associados a vereadores (de Poder Executivo, é gente, em Goiânia existe até isso!) e prefeitos com projetos de mudernidade pra Capital e claro, moradores modernos suas faces apresentadas... E faria com que pelo menos algumas pessoas compreendessem que os moradores das 'beirada de córgo', pendurados em morros, estão ali por falta de políticas de moradia eficientes; por ausência de planejamento nas cidades; por carência de local digno para construção de seus barracos... Faria alguns entenderem que a possibilidade de ter um pedaço de terra pra morar só é possível ao trabalhador assalariado nessas quebradas em que o risco de ficar sem tudo aparece a cada chuva...

O projeto de Goiânia capital do Estado, foi abandonado em sua segunda fase, por volta de 1937, quando o crescimento da população assustou quem projetava a cidade e depois disso, a Moderna Capital celebra seus quase 77 com políticas de urbanização que não condizem com as necessidades do povo, planejamento e cuidados ambientais... Ainda multiplicam-se loteamentos com estrutura palpérrima e em locais indevidos, tais como o Morro do Mendanha...
Enquanto isso, avenidas principais de setores mais nobres, recebem monumentos - verdadeiros elefantes brancos - retratos da modernidade do 'senhor muderno' ex-prefeito e candidato a governador Iris Rezende. http://www.ladycbarra.com.br/centro/goias_arquivos/go_goiania-viaduto.jpg

Com toda essa cultura do concreto, modernidade e falta de políticas de habitação como tem gente que ainda tem coragem de culpar a Chuva?

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