segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A MÃO QUE AFAGA É A MESMA QUE APEDREJA

Neste fim de semana deparei-me com alguns videoclips e comentários acerca deles que me chamou bastante atenção. 

Num primeiro momento, vi comentários enlouquecidos acerca de um videoclip do não sei qual estilo, Lucas Lucco. A princípio, fiz como faço, ignorei. Neste meio tempo, observei UM comentário crítico e bem argumentado acerca do grupo tecnobrega (aff) Abrakadabra, que em uma música levava à incitação de violência sexual... Posteriormente, o Lucas Lucco foi novamente citado em um outro comentário e novamente elogiado em outro vídeoclip! Eis que a curiosidade bateu e fui conhecer o sujeito que estava arrancando os suspiros e lágrimas, enlouquecendo tantas pessoas de meus contatos entre as adolescentes e não tão adolescentes, bem como conhecer o Abrakadabra e o clip que andava causando.

Já adianto, embora tenha ficado surpresa, não tive satisfação nenhuma.

A surpresa veio no primeiro clip ignorado a princípio, "Mozão" do Lucco... Ao ver o clip, entendo porque o sujeitinho deixa a suspirar tantas meninas: primeiro, tem bem a imagem que muito se vende... tem o padrão de beleza propagado! segundo, tem bons produtores! terceiro, no clip vende aquilo que tantas garotas sonham: fidelidade, romantismo e companheirismo eternos!
Portanto, bem bolado o clip. Bem bolado para as necessidades de mercado: o príncipe encantado que ama incondicionalmente e ajuda a amada a vencer o câncer de mama.
A surpresa, veio exatamente do tema tratado no videoclip que ao final traz depoimentos de mulheres que venceram o câncer de mama. E confesso, fiquei surpresa afinal, não esperava nunca que um indivíduo produzido pela indústria da música tratasse em uma música, temática tão necessária. 
E buscando o link para postar agora, meeeeeeeeeu deus, mais de 4 milhões de visualisações... Talvez colocando-o aqui, alguém venha ler a análise kkkkkkkk! 

A treta dele, vem já!

Posteriormente, vi a chamada de movimentos sociais a assinar uma carta em repúdio à música 'Tigrão Gostoso' do Abrakadabra (que até então tinha a graça de não ter ouvido nunca nem falar, com o perdão do erro gramatical de usar duas palavras de negação juntas) por conter um conteúdo machista e que incita violência sexual e consequentemente os crimes de estupro e incitação à violência sexual. Em alguns momentos, o video ficou fora do ar, não sei agora, mas atesto que, além de bem medíocre na letra e coreografia apresenta como normal, a insegurança de mulheres em andar por ruas escuras, reafirma estereótipos de infratores de leis e se não incita violência sexual, não sei bem o que é isso. Apresenta sim, teor machista  ao propagar a ideia de que o sexo deve acontecer quando homem quer, e sendo ele, um tigrão gostoso, não há quem não queira. E se não quiser, tem assim mesmo. 


Contudo, o que me deixou mais bestificada, foi lembrar-me de um refrão que tocava pelo menos umas 10 vezes em cada comercial de horário nobre da TV em publicidade de um show de Lucas Lucco em Goiânia... o infeliz refrão "tá doida é, tá louca é?" me levou a dar uma conferida no que se tratava tal 'música' e para minha surpresa maior, Lucas Lucco e Abrakadraba cometem o mesmo crime: estupro, incitação à violência sexual e/ou estupro de incapaz.
No caso do clip "Princesinha" de Lucas Lucco, o sujeito narra sua saída com a princesinha, a paty que, após tomar todas, fica doida, louca, chapada e não sabe muito bem o que faz. Assim mesmo, com a garota chapada, ao levá-la em casa, o sujeito entra em seu quarto e vai para debaixo do edredom com a mesma!


Agora, é impressão minha, ou a indústria fonográfica que vendeu a imagem do personagem encantado vendeu também o personagem que traz a sugestão de que manterá relações sexuais com uma mulher entorpecida? 
Neste sentido, questiono: qual e diferença entre Lucco e Abrakadabra? 
Garotada que chora vendo o Lucco, dizia Augusto dos Anjos, 'a mão que afaga, é a mesma que apedreja".



Nenhum comentário:

Postar um comentário