terça-feira, 21 de julho de 2020

COISAS DE COVID-19: Corona vírus e não sou obrigada III - Ivermectina parte 2.

Dando continuidade à série, retomo as impressões acerca dos "tratamentos" sem nenhuma comprovação científica da COVID-19.

Eis então que na corrida pela prevenção, tratamento, cura, vacina contra a COVID-19, vimos que, pelo menos 153 medicamentos estão sendo testados mundo a fora após estudos pré-clínicos, ou seja, na fase experimental do potencial de certo fármaco afetar CÉLULAS ISOLADAS e da Ivermectina ser apontada como apta a seguir a demais fases pré-clínicas. 
Portanto, lembremos: Existem estudos experimentais, ou pré-clínicos e só depois deles, os estudos clínicos, onde os potenciais medicamentos para x doença são testados em grupos de humanos.
O infográfico abaixo dá uma ideia de como chegaram-se à essa conclusão para dar "carta branca", avisar que não era total perca de tempo e investimento, continuar na próxima fase de estudo sobre ivermectina x corona vírus, por exemplo. 



Até o momento, pelo que consta, embora não muito promissor, o medicamento vermífugo avançou, segundo o PhD em farmacologia Thiago de Mello (Lattes não encontrado),  para 26 estudos clínicos, ou seja, para testagem em humanos acometidos pela COVID, mas ainda não em fase avançada e com nenhuma comprovação de eficácia, portanto. Assim como tantos outros medicamentos os quais cita aqui https://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/1695-phd-em-farmacologia-analisa-as-terapias-em-teste-para-covid-19.

Entretanto, a fase experimental, pré-clínica, da aplicação do vírus em células, o estudo in vitro, que revelou a possibilidade foi suficiente para gerar toda uma cadeia de "ivermectina previne, cura, trata," e, pasme, nas palavras de um médico goiano, "é a vacina". 

Muito ouvi de muita gente embalada por supostos discursos médicos que circulam na internet e na imprensa geral, que tomar ivermectina era uma forma de prevenir a COVID-19 e que não tinha nenhum problema, que não causa efeitos colaterais, que tem médicos que prescrevem para tratar (e tem mesmo) e acabam por deixar de lado as evidências científicas, a formação baseada em evidências e quiçá a comunidade acadêmica por pura empáfia! 

Tais informações que são mais boataria do que informações, somadas ao desespero de quem adoeceu, de quem suspeita estar doente, de quem não quer correr o risco de adoecer e a facilidade que temos de sermos levados no bico, ignorando  conhecimentos básicos que deveríamos dominar pelo menos nas situações quando estamos totalmente envolvidos, faz com que muita gente, entre na onda e tome medicamentos sem nenhuma ideia de riscos ou de que só tomam por "descargo de consciência" (só pra fazer trocadilho entre tomar antiparasitários e possíveis efeitos colaterais voltados à desarranjos intestinais). Nesse contexto, até mesmo aqueles que deveriam muito pautar seus atendimentos baseando-se nas evidências, incluo aqui médicos, enfermeiros, farmacêuticos entre outros apresentam tendências para jogar fora todo o processo das evidências científicas para que um fármaco, novo ou já em circulação, seja indicado de modo seguro para uso em determinada finalidade, diferente da finalidade a qual foi aprovado bem como dos longos processos para sua aprovação. Toda essa "fofoca" como já pontuei, foi suficiente para vermos uma corrida insana pelo medicamento nas drogarias, semelhante ao fenômeno cloroquina, da qual talvez falarei, mas que pra mim, já deu, embora vira e mexe uma cópia de "Patropi" continue fazendo publicidade sobre ela. 

Nesse sentido, o recado principal dessa segunda parte é que, em associação à primeira, lembremos: raramente um antiparasitário será eficaz contra um vírus. A possibilidade de eficácia de ivermectina para COVID-19 não é comprovada pois não há ainda estudos clínicos que comprovem. Embora um "muntuêro" de gente, inclusive médicos, prescrevam o uso, estão se pautando numa remota possibilidade, num "vai que cola", para uso do medicamento. 
Nesse sentido, pensem comigo: até o momento é sabido que a transmissibilidade do vírus é alta, que medidas de distanciamento social e uso de EPI's diminuem a possibilidades de contágio e circulação do vírus, que não existe vacina e nem tratamento eficaz, e ainda que, há pessoas que portam o vírus e são assintomáticas, outras que apresentam sintomas leves, uma parcela menor que apresenta sintomas graves e outra, não menos significativa, mas menor, vem à óbito. Com todo respeito às vitimas da COVID-19 e solidariedade aos familiares e amigos me faz lembrar uma frase que vi nas redes sociais esses dias, cuja autoria não identifico mas que dizia assim: "quanto menor a letalidade de uma doença e maior sua taxa de remissão espontânea, mais provável é que tratamentos ineficazes sejam vistos como salvadores". Ou seja, a remissão espontânea, o fim do "ciclo" do vírus no organismo - também não muito conhecido - faz com que muitos acreditem que quem curou foi o medicamento. Só pra ilustrar uso a dengue clássica: não tem vacina, há medicamentos muito contra-indicados, o tratamento é  feito a base de repouso, hidratação, antitérmico e analgésico, quando temos nos sentimos muito mal e em alguns dias há remissão espontânea. Mas haverá quem diga que sarou porque comeu inhame! 

Para quem se pauta nas evidências científicas avançadas, nas pesquisas, na busca por informações e na articulação dessas ou somente nos conhecimentos básicos adquiridos na escola fundamental, tem a faca e o queijo na mão para tomar suas próprias conclusões. Mas para quem ainda gosta de explicar o som do trovão como Thor batendo martelo no Olimpo, cai bem... 


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